domingo, 16 de maio de 2010

Mudando de assunto

Relendo os textos da curta história deste blog, me dei conta de uma coisa: eu tenho escrito quase que exclusivamente sobre fatos, lugares, eventos, com pouquíssimo espaço dedicado à introspecção. Nenhuma surpresa, a idéia sempre foi essa mesma. Mas não deixa de ser curioso, em comparação com o blog que eu costumava frequentar antes de criar este (http://www.purfa.blogspot.com/, mantido por Lowes e Pato, duas das pessoas mais legais do mundo. Recomendadíssimo, portanto). No Purfa, minhas participações eram essencialmente voltadas pro lado de dentro.
Agora, passados 2 meses da minha chegada a essa nova vida, eu sinto necessidade de restabelecer esse contato comigo mesma, já que as mudanças têm sido rápidas e significativas - e faz uma baita diferença meditar um pouco sobre elas. Não pretendo fazer desse blog um divã e afugentar os leitores, trata-se simplesmente de mostrar "the bigger picture", incluindo a repercussão desse monte de acontecimentos e descobertas na cabeça desta que vos escreve.
Minha avó me perguntou se eu não me belisco de vez em quando pra ter certeza de que não tô sonhando. Vó Ana, te digo que no dia a dia por aqui, a própria realidade se encarrega desses beliscões, ainda que a dor vinda daí seja muito bem vinda: o aprendizado é constante, e o aprimoramento idem.
No momento, o que mais tem me passado pela cabeça é minha forma de encarar a solidão. Por mais que eu sofra de saudades da família, do namorado e dos velhos amigos; e mesmo que eu adore socializar com as novas amizades por aqui, sigo nutrindo um apreço especial pelos momentos meus comigo mesma. Nesse final de semana comprei passagens e ingressos pra shows sem fazer a mais remota idéia de se alguém vai querer me acompanhar. Andei solita pela cidade, perambulei livremente pelo Victoria & Albert Museum, me convidei pra um mocha com raspberry muffin à beira do lago no Hyde Park... delícia! A sensação de independência é muito gostosa, e depois de tudo isso, os momentos compartilhados com outras pessoas são muito melhor aproveitados! Como foi a noite de ontem com meus colegas portugueses Ana, Pedro e Zé: uma jornada etílica a pé, de minicab, ônibus, riquixá... Dancei like no one was watching, rachei o bico e só fui dormir quando o sol já tava alto (atrás de uma camada de nuvens que fez de hoje o dia perfeito pra ressaca inevitável: chuva, comida, cobertor, uma xícara fumegante e o blog, que andava abandonado).
De todas as minhas divagações, a comida é sempre o foco, de uma forma ou de outra. E eu, que sempre me cobrei muita coerência, a cada dia me convenço mais de que meu caminho natural inclui áreas além do trabalho na cozinha. Encarar o dia a dia de um restaurante é fundamental, mas além disso eu quero estudar aspectos culturais da alimentação, dar continuidade ao trabalho que eu iniciei ao concluir o curso de direito, conhecer a fundo o caminho de determinados alimentos até chegarem à mesa... É um universo muito amplo e fascinante esse!
De volta à questão da coerência: ainda que eu pense muito bem sobre o que colocar no carrinho do supermercado, passando longe das comidas prontas e porcarias em geral, aqui desenvolvi um péssimo hábito. Como em movimento, almoço um sanduíche no caminho entre a estação e a escola, janto enquanto checo os e-mails... um horror! A vida aqui é de fato muito acelerada, e sozinha fica difícil manter o hábito de sentar à mesa com calma e apreciar a refeição. É até triste, pensando bem.
Bom, nesse dia oficial da preguiça, ainda não fiz as tarefas básicas de fim de domingo: mala da academia, sanduba pro dia seguinte, digitação das aulas da semana... Não vou mais sumir daqui por tanto tempo, acabo perdendo a oportunidade de comentar várias coisas. E agora vou encerrar, porque já tô louca pra falar aqui das últimas idéias que andei tendo, e elas ainda estão em estágio embrionário, não convém.
Boa semana e até breve!
P.S.: As fotos deste post serão incluídas em seguida, hoje ou amanhã. Minha máquina tá carregando, sacumé...

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